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26ª Bienal
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Site da Fundação Bienal de São Paulo

VICTOR MUTALE

Biografia
Sobre o artista
Sobre a obra
Leitura do artista


Como você se vê como artista?

Eu me vejo como um artista por criar. O que eu faço é criar coisas de acordo com o que eu entendo e vejo das coisas. Assim é como eu me expresso através das criações.[Voltar]

Como começou sua carreira e seus estudos sobre arte?

Comecei há tempos atrás praticando arte; no início eu não sabia que era arte o que eu fazia. As pessoas começaram a dizer: ‘O que está fazendo?’, ‘É algo estranho’, ‘Você é artista porque você cria’. Aí que eu percebi que era um artista, porque o que eu faço é colocar na parede o que sinto sobre algo.

Você faz esses desenhos mas não se vê como um artista?

Eu me vejo como um artista.

Mas há muito tempo atrás você não se via?

Ah, sim, há muito tempo atrás, quando eu era novo, eu não entendia o que eu era. Mas quando eu cresci, passei a entender que era um artista e comecei a prestar atenção no meu talento. Foi assim que começou a minha carreira.

Fale um pouco sobre seu país e cultura. Quando nasceu? Onde viveu?

Eu nasci em 1972 e cresci em uma cidade pequena. Lá não acontecia muita coisa porque, bem, não havia faculdades. Assim, poucos indivíduos se viam como artistas; outros ficavam inspirados por esse e aquele artista e passaram a fazer arte. Era dessa forma que desenvolviam a parte intelectual e foi assim, também, que as pessoas passaram a fazer o que faço.
Depois que terminei os estudos eu não queria parar por ali. Queria continuar na carreira de artista e mudei para uma outra cidade pequena, uma cidade turística. Lá conheci artistas internacionais de diversos países. Eles me mostravam seus trabalhos, sobre os quais discutíamos, e eu mostrava os meus.
Após isso passei a me inscrever para workshops e residências artísticas. Felizmente fui convidado para workshops nacionais e internacionais. Eu deixei de lado algumas residências para as quais me inscrevi e fui aceito em uma academia de artes.

Para onde você foi chamado?

Para Amsterdã, na maior e mais importante instituição de artes, o que me deu oportunidade de interagir com diferentes artistas de diversos países, com culturas e formações diferentes...
Isso foi um grande passo para mim. Mais especificamente em artes. Artistas que seguem meu trabalho, contatos e... eu gosto dos conselheiros (art-advicers) com quem eu posso agendar um horário para discutir meu trabalho, ou para falar de trabalhos de outros, apenas para me inspirar e construir minha carreira.

Uma carreira internacional.

Isso, minha carreira internacional.

Fale um pouco sobre sua linguagem.

De um jeito sucinto, o que eu faço são formas simples. São idiomas independentes. Elas refletem de que maneira entendo as coisas, como eu me expresso sobre algum assunto. Essas formas simples carregam títulos, que ao mesmo tempo são o conceito. Quando comecei este era apenas um idioma independente. Mas agora eu tento fazer dele um idioma internacional, com o qual um artista possa ajudar o outro. Olhe para as imagens; elas talvez venham com algo que faça o trabalho crescer e que talvez o torne um idioma internacional, universal. Este é minha idéia.[Voltar]

Mas você usa pintura, desenhos no trabalho... quantos idiomas diferentes você usa no mural?

Eu usei material simples para fazer o trabalho. Lápis. Eu não mudo a forma do meu trabalho com diferentes materiais, mas eu prefiro esse mais simples.

As linhas de seu trabalho são bem expressivas e fortes.

Veja, é necessário energia. É como se eu estivesse no desenho, não apenas desenhando. Eu faço parte do desenho também.

Não é apenas desenhar, é energia, físico, intenções e sentimentos no movimento do lápis.

Isso, exatamente.

E qual é o processo ou conceito? Como você começou a desenhar desse jeito? Quando e como você começou esse processo?

Sabe, é engraçado. Primeiro eu penso no conceito e depois... eu não controlo. É assim: eu relaxo e deixo o cérebro criar a forma. E me expresso, como por exemplo: eu chamo essa área do desenho de stick love. Eu penso em amor e coloco esse sentimento em minhas formas simples. Eu tenho que meditar, o cérebro surge com o formato e eu apenas o executo.
Não tenho nenhum controle. Claro quando eu começo tenho a forma na minha cabeça e durante o processo ela pode mudar um pouco.

Durante o processo você começa a dar o formato, mas você pode mudar algumas coisas. E se amanhã você acordar com mais raiva, isso mudaria o formato ou não?

Não, não mudaria.

É a idéia principal?

Sim, o que vale é a idéia principal. Antes de colocar o desenho na parede eu faço um rascunho de como ele vai ficar. Pequenas partes podem mudar, mas não muito.

Quais as questões você considera importantes no processo de leitura da sua obra?

Eu acho que a forma em si é muito importante no meu trabalho. Meus desenhos e pinturas não são, mas a imagem em si e o formato são muito importantes dentro do meu trabalho.[Voltar]

O que mais?

Hmmm... às vezes as cores têm o significado. Às vezes ele está no formato em si ou nas imagens.

Por que são formas abstratas?

Porque são o que eu criei e é algo que não existe, mas que eu exteriorizo e se tornam real, realidade.

Mas quando tornam-se realidade o sentido de abstracionismo fica de lado?

Sim, meus desenhos não são, na maioria, com histórias, como fazia meu avô, mas carregam títulos. Mas, dependendo do que surge, as imagens contam uma história sobre o que o meu trabalho parece e o que ele é.

Por que está dentro de você e aí você o coloca no mundo real?

Torna-se público. Não pertence mais a mim, mas ao público.

É assim que ele se torna real?

Torna-se algo real que as pessoas podem usar para discutir ou pensar sobre, ou talvez para desenvolver alguma idéia sobre a maneira que pensam ou enxergam algo.

E você acha que isso é uma passagem, uma grande passagem?

Eu gosto dessa obra. Gosto muito. Eu gosto do formato da parede e onde está localizada. É uma idéia muito interessante.

Você veio aqui antes para escolher esse espaço?

Não, antes de eu vir eles enviaram fotos desse espaço. Eu adoro paredes desse estilo.

Essa é uma peça específica? Você pensou nessa forma a partir dessa parte do prédio?

Sim, eu pensei sobre o espaço e o que eu colocaria nele antes de chegar.

Você pintou essa peça em outro local?
Não. Eu deixei um grande espaço para separá-la porque poderia confundir o público. Se eu a colocasse junto com outras eles não saberiam diferenciá-la.[Voltar] [Versão para impressão]

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