Como você se situa como artista?
Ultimamente
sinto-me como um artista do pós-guerra...[Voltar]
Como
você percebe seu trabalho dentro do contexto de seu país
e na contemporaneidade?
Comecei
a trabalhar num momento, início dos anos 1980, em que quase
a única tendência que havia em minha cidade era a transvanguarda
. Havia bons artistas, porém não conseguia identificar-me
com eles. A identificação chegou pelo lado da música
( Steve Reich , Brian Eno ) e da arquitetura, a de Buenos Aires e a
dos livros. Logo foram surgindo artistas de base geométrica,
herméticos e outros com os quais fui realizando exposições. Agora
a cena, como em todos os lugares, é mais complexa e indefinível.
Do
que trata seu trabalho apresentado na Bienal?
São
dois desenhos em carvão de 5m x 10m cada um. Este tipo de trabalho
eu apresentei pela primeira vez na galeria Ruth Benzacar, em Buenos
Aires, em julho de 2003. São desenhos realizados com um programa
3D (de computador) chamado form-z , que em seguida
projeto na parede e desenho à mão com rapidez.
Quais
as relações deste trabalho com o tema da Bienal, "Território
Livre"?
Os desenhos representam estruturas imaginárias
nas quais a única condição é minha própria
subjetividade. Porém, paradoxalmente este jogo livre das formas
no espaço tem como resultado imagens fechadas, sem oxigênio,
carcerárias. Devo estar passando por uma fase existencialista...
Professores
e monitores estabelecerão um diálogo entre sua obra e
os visitantes (aqui em especial o público escolar). Que questões
você considera importantes serem apontadas neste processo de
leitura?
Meu trabalho é bastante
silencioso e procura produzir um efeito sobre o espectador de maneira
bem mais modesta. Seduzir sem filtrar . Apesar disso decidi que gosto
de usar a palavra “enfermidade” para descrever o que ocorre
dentro dos trabalhos. Enfermidade de estilos, referências contaminadas
ou veladas que podem ser provenientes dos ornamentos dos edifícios
de Buenos Aires, da arquitetura moderna internacional (mesmo esta,
em uma mostra em São Paulo e no Pavilhão da Bienal, se
traduz naturalmente em Niemeyer), até o desenho e a tipografia
. E se tomarmos os aspectos formais e conceituais gerados durante
a modernidade e depois nos centros de predomínio econômico
como referências puras e sãs, na minha definição
elas estão expostas nestes trabalhos apresentados na Bienal;
porém em outras obras minhas transparece a condição
impura, apócrifa ,
inacabada e fascinante de nossos países. [Voltar
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