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26ª Bienal
Ficha Técnica
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Site da Fundação Bienal de São Paulo
 

EDUARDO KAC

Biografia
Sobre o artista
Sobre a obra
Leitura do artista


Como você se situa como artista?

Meu trabalho aborda temas como as interseções e fronteiras entre o ser humano e os seres não-humanos, bem como as transformações filosóficas e culturais em um contexto tecnológico global. No fundo, o grande tema é o fenômeno da comunicação em seus múltiplos sentidos.[Voltar]

E como se situa dentro de seu contexto/país e na contemporaneidade?

Meu país é o planeta e a minha casa é a rede.

Fale um pouco sobre seu trabalho apresentado nesta Bienal.

"Move 36" faz referências ao dramático movimento feito pelo computador chamado " Deep Blue" contra o campeão mundial de xadrez Gary Kasparov em 1997. Essa competição pode ser caracterizada como uma disputa entre o maior jogador de xadrez vivo e o maior jogador de xadrez não-vivo. A instalação ilumina os limites da mente humana e a capacidade crescente de computadores e robôs, seres inanimados cujas ações freqüentemente adquirem uma força comparável à subjetiva ação humana.[Voltar]
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Quais as relações deste trabalho com o tema da Bienal?

A arte é o território livre por excelência.

Quais procedimentos ou processos de trabalho foram necessários para a
construção de sua obra?

A instalação apresenta um tabuleiro feito de terra (quadrados negros) e areia branca (quadrados claros) no meio da sala. Não há peças de xadrez no tabuleiro. Posicionada exatamente onde o Deep Blue fez o seu "Lance 36" está uma planta cujo genoma incorpora um novo gene, que eu criei especialmente para esse trabalho. O gene usa ASCII (o código universal do computador, empregado para representar o número binário como caracteres romanos, online e off-line ) para traduzir a afirmação de Descartes: Cogito ergo sum ( "Penso, logo existo" ) nas quatro bases da genética (A, C, G, T).
Através de modificações genéticas adicionais as folhas das plantas se curvam. Em um ambiente selvagem essas folhas seriam planas. O "gene cartesiano" foi agrupado com um que causa essa escultural mutação na planta para que o público possa ver, a olho nu, que o "gene cartesiano" é expresso precisamente onde as folhas se torcem e ondulam.
O "gene cartesiano" foi produzido de acordo com um novo código que eu criei especialmente para esse trabalho. No ASCII de 8bits, a letra C, por exemplo, é representada desta forma: 01000011.O gene é criado pela associação seguinte entre as bases genéticas e os dígitos binários:
A = 00
C = 01
G = 10
T = 11
O resultado é o seguinte gene com 52 bases:
CAATCATTCACTCAGCCCCACATTCACCCCAGCACTCATTCCATCCCCCATC
A criação desse gene é um gesto crítico e irônico, já que Descartes considerava a mente humana um "fantasma na máquina" (para ele o corpo era uma "máquina”). Sua filosofia racionalistadeu um novo ímpeto tanto para a divisão corpo-mente (dualismo cartesiano) como para os princípios matemáticos da atual tecnologia de computador.
A presença desse "gene cartesiano" nessa planta, enraizada precisamente onde o ser humano perdeu para a máquina, revela um limite tênue entre a humanidade, objetos inanimados dotados com qualidades semelhantes à vida e organismos vivos que guardam informações digitais. Um único feixe de luz paralelo brilha delicadamente sobre a planta. Projeções silenciosas em vídeo em duas paredes opostas contextualizam o trabalho, evocando dois oponentes de xadrez in absentia. Cada projeção de vídeo é composta por uma grade de pequenos quadrados, que representa um tabuleiro de xadrez. Cada quadrado mostra ciclos animados se movimentando em intervalos diferentes, portanto criando uma complexa série de movimentos coreografada cuidadosamente. O engajamento cognitivo do espectador com as múltiplas possibilidades visuais apresentadas em
tabuleiros projetados sutilmente rivaliza o mapeamento dos caminhos múltiplos no tabuleiro da partida de xadrez.

Quais questões este seu trabalho pode trazer para ampliar a formação artística e a discussão estética do público, principalmente do público escolar, formado por crianças e jovens?

Ampliar a formação artística: todos os meios existentes podem ser utilizados na criação de obras de arte, pois não são estes que definem se um trabalho é ou não arte.
Quanto à discussão estética do público: pode-se apreciar a obra formalmente e também intelectualmente; por fim, conjugar os dois tipos de apreciação.[Voltar]

Professores e mediadores estabelecerão um diálogo entre sua obra e os grupos visitantes. Que questões você considera importantes que se aponte neste processo de leitura?

Sugiro que professores e mediadores leiam o que escrevi depois de verem a obra.
A entrevista publicada na Folha também pode ser útil.
Então, poderão decidir o que julgam importante para seus grupos. Cada grupo irá naturalmente preferir discutir diferentes aspectos da obra.[Voltar ao início]
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ARTISTAS
Beatriz Milhazes
Chen Shaofeng
Esterio Segura
Ivens Machado
Luc Tuymans
Melik Ohanian
Paulo Brusky
Paulo Climachauska
Pablo Siquier
Rui Chafes
Thiago Bortolozzo
Vera Mantero
Victor Mutale
Xu Bing